“Eu perdi na prova porque o professor não sabia ensinar”, “O concurso foi muito difícil e eu concorri com pessoas que tinham um grau de instrução mais elevado que o meu, por isso não passei”, “Para mim, quando uma turma toda perde, a culpa é do professor”, “Às vezes, o importante não é ganhar. Fiquei em 2º. lugar, mas valeu a participação”, “Fiz o vestibular só por experiência, por isso não fiquei triste com a reprovação”. Você já percebeu que o ser humano está sempre na defensiva? Reconhecer as fraquezas é uma qualidade incomum entre alguns indivíduos.
Hoje em dia, poucas pessoas são capazes de assumir que não têm competência para fazer determinada atividade, que podem ter errado quando tomaram uma certa atitude impensada, que perderam na prova de direção para adquirir a Carteira Nacional de Habilitação por pura falta de habilidade para tal. Quando algo de ruim acontece, a culpa é sempre do outro. Não há uma consciência da falha humana. Não há uma conversa franca consigo mesmo. Se a pessoa que fez o vestibular “por experiência” for aprovada na seleção, vai deixar de assumir a vaga por que o intuito era somente o de treinar? Deixaria para assumir somente quando fizesse a prova “pra valer”?
A sociedade perdeu um pouco a preocupação com a verdade. O capitalismo selvagem não deixa ninguém ser quem realmente é. A competitividade do mercado de trabalho não abre espaço para pessoas que são, predominantemente, transparentes. Todo mundo está, vez por outra, “contando vantagem”. Quem não segue essa linha é visto como bobo, inocente.
“Errei, sim”, “Perdi por incompetência minha”, “Não sei nada de ciências exatas porque, na época da escola, só estudava no intuito de passar”, “Eu fui um péssimo aluno este ano e não merecia ser aprovado”, “Na discussão que tivemos, eu fui grosso e por isso quero te pedir desculpas”, “Eu nunca tinha ouvido falar disso, ainda bem que você me informou”, “Gente, eu não sei o significado da palavra ‘sinceridade’. Alguém pode me explicar?”. Você já percebeu que determinadas frases quase nunca são ditas pelos seres humanos? Assumir as fraquezas é sempre bom.
Escrito Por: Raulino Júnior - Colunista Achei na Sinaleira
Escritor, professor de língua portuguesa,
especialista em Estudos Linguísticos pela UEFS,
estudante de jornalismo da Facom/UFBA e
autor do blogue www.desdequeeumeentendoporgente.blogspot.com
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